sexta-feira, junho 01, 2007



NOTICIA

Chernobyl continua a matar mas ecossistemas recuperam

Dezanove anos depois de Chernobyl, o maior estudo sobre o impacto do desastre nuclear revela que cerca de 4000 mil pessoas poderão morrer vítimas da radiação a que foram expostas. Ainda assim, existem evidências de que os ecossistemas nas chamadas "zonas de morte" estão a recuperar.
O maior estudo efectuado até à data sobre o impacto do desastre de Chernobyl nas populações e nos ecossistemas envolventes revela que os efeitos nocivos da nuvem radioactiva libertada em 1986 vão continuar a fazer-se sentir nas próximas décadas.Os investigadores, cientistas, peritos e especialistas em saúde pública que participaram no relatório das Nações Unidas "Chernobyl - The True Scale of the Accident" anunciaram que, pelo menos, 4 mil pessoas poderão morrer vítimas deste grave desastre nuclear.No dia 26 de Abril de 1986 deu-se uma explosão no reactor 4 da central Chernobyl, acabando por lançar para a atmosfera uma gigantesca nuvem radioactiva que se espalhou pela Europa e que contaminou cerca de 20 países (Portugal não foi afectado, mas registaram-se níveis mínimos de radioactividade nos Açores).Este acidente nuclear na Ucrânia libertou cerca de 300 vezes mais radiação do que a bomba de Hiroshima.Praticamente 20 anos depois, os efeitos da radiação libertada provocaram a morte de milhares de pessoas, na sua maioria vítimas de cancro da tiróide. Os cientistas envolvidos neste estudo crêem que, na grande parte dos países afectados, em especial na Ucrânia, Bielorrúsia e Rússia, a população deverá continuar a sofrer os efeitos resultantes da explosão nuclear de 1986.Os investigadores prevêem que 3940 pessoas venham a morrer vítimas de cancro, doença resultante da exposição à radiação nuclear que continua a atingir níveis preocupantes em várias zonas.
Apesar da fatalidade que representa ainda hoje o desastre de Chernobyl, há uma boa notícia. Segundo a "Nature", que cita especialistas ucranianos e norte-americanos, os ecossistemas que cobrem mais de 4000 quilómetros quadrados da zona afectada parecem estar a recuperar. E, apesar de os níveis de radiação não permitirem a presença humana por longos períodos, estas zonas estão «surpreendentemente saudáveis» .Jane Morris, especialista da Universidade da Califórnia, revelou àquela publicação que nas áreas interditas vivem lobos, peixes, ursos e outros animais que constam da lista negra de espécies ameaçadas da União Internacional da Conservação da Natureza (IUCN). Ainda assim, os efeitos nefastos da radiação reflectem-se no meio-ambiente. Existem, por exemplo, «muitas mutações», adiantou Jane Morris. Porém, a Natureza encarregou-se de «rapidamente as eliminar».Os cientistas responsáveis pela divulgação deste importante estudo sobre o impacto de Chernobyl na população e meio-ambiente são unânimes em afirmar que os efeitos do desastre na saúde mental das populações são preocupantes. A sensação exagerada de perigo e a angústia provocada pelo acidente nuclear não têm diminuído.Os habitantes das zonas afectadas fazem sistematicamente uma avalição negativa da sua saúde e bem-estar. Também, a esperança de vida em toda a antiga ex-União Soviética decresceu.Sete milhões de pessoas foram directa ou indirectamente afectadas por Chernobyl.O estudo foi realizado por uma equipa de 100 cientistas, oito agências das Nações Unidas e pelos governos da Ucrânia, Bielorrúsia e Rússia.


Fig1.Central nuclear depois do desastre
Fig2.Crianças vitimas de desastre de chernobyl

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