sexta-feira, março 16, 2007


Antropobiólogo estuda fósseis humanos com microtelescópio espacial


O microscópio analisa ossos ao mais ínfimo pormenor

Um cientista francês de origem portuguesa, o antropobiólogo José Braga, está a estudar fósseis humanos com um microtelescópio espacial concebido para analisar ossos ao mais ínfimo pormenor.
A experiência, que está a ser realizada na Universidade Paul Sabatier, em Toulouse (sudoeste de França), constitui uma aplicação da ciência espacial ao estudo da evolução da espécie humana."Trata-se de um micro-scanner de alta resolução, que permite seccionar virtualmente uma peça anatómica com cortes de apenas 40 microns", disse à agência Lusa o investigador, que nasceu em França mas tem parte da família na região de Braga."A vantagem deste microtelescópio é que não somos obrigados a serrar os ossos para estudar o seu interior", acrescentou José Braga, que está a estudar dois crânios de australopitecos encontrados há meio século na África do Sul e cuja antiguidade ronda os dois milhões de anos.Graças ao microtelescópio, desenhado pela empresa Scanco e financiado pela Agência Espacial Europeia, pela União Europeia e pelo Centro Nacional de Estudos Espaciais francês, é possível aceder ao interior dos fósseis sem os destruir.O primeiro dos dois crânios, pertencentes ao Museu Transvaal de Pretória, corresponde a um "Australopitecos africanos" e tem a dentição completa, com todos os 32 dentes.O segundo é um crânio de uma criança "Parantropus robustus".José Braga interessa-se em particular pela estrutura interna dos dentes — a que se encontra debaixo do esmalte —, onde procura informação genética original."O objectivo é reconstruir virtualmente por computador tecidos dentários que se encontram sob a coroa de esmalte, correspondentes à dentina e polpa dentária", referiu.·"Em síntese", explicou, "a imagem 3D obtida de um dente após o estudo é uma imagem da primeira etapa morfológica da sua formação, e portanto com características genéticas invariáveis", enquanto que outras partes do tecido ósseo sofrem alterações devido à actividade e à adaptação ao meio."Essa etapa inicial está sob a dependência de genes bem conhecidos e permite por isso estudar melhor as espécies fósseis antepassadas do homem e compreender melhor os seus laços de parentesco".Braga vai tentar identificar qual dos dois crânios que estuda tem uma morfologia mais próxima da do homem, esperando com isso contribuir para um melhor conhecimento da evolução da espécie humana

*Noticia retiada de Publico.pt

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